A UM NEGRILHO

   Na terra onde nasci há um só poeta
     Os meus versos são folhas dos seus ramos.
     Quando chego de longe e conversamos, 
     É ele que me revela o mundo visitado.
     Desce a noite do céu, ergue-se a madrugada, 
     E a luz do sol aceso ou apagado 
     É nos seus olhos que se vê pousada.
     Esse poeta és tu, mestre da inquietação Serena! 

   Tu, imortal avena
     Que harmonizas o vento e adormeces o imenso 
     Redil de estrelas ao luar maninho. 
     Tu, gigante a sonhar, bosque suspenso 
     Onde os pássaros e o tempo fazem ninho!

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Miguel Torga  

Antologia Poética,

5.a ed., Lisboa, Dom Quixote, 1999  

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