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OUTROS NOMES:
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Rododendro,
Loendro, Adelfeira, Redondouro, Loendreira,
Adelfa
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GERAL:
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Arbusto perenifólio, com porte erecto, com um ou vários caules que saem da
base, copa densa, arredondada ou irregular, de 2 a 4 m podendo atingir 5 metros
de altura; ramos glabros, castanho-esverdeados, erectos ou patentes; ramagem e folhagem
verde-escuro.
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FOLHAS:
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Folhas persistentes,
coriáceas,
simples, elípticas
ou lanceoladas de
6 a 16 cm de comprimento, margens inteiras, glabras, alternas com pecíolo curto, verde-escuras
e lustrosas na página superior, verde-pálidas na página inferior com nervuras
secundárias paralelas de cada lado da nervura central bem saliente.
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FLORES:
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Abundante floração corimbiforme
roxa, cor-de-rosa ou violáceo-purpúrea, de 20 e mais flores em inflorescências
cónicas com longos pedicelos, entre meados
de Março e princípios de Junho; têm corola campaniforme,
afunilada, grande com 4-6 cm de diâmetro, composta por 5 pétalas sendo a superior salpicada de manchas
acastanhadas; os filetes dos 10 estames
arqueados são vilosos até ao meio.
O desenvolvimento vegetativo
máximo do rododendro ocorre entre o momento do pico de floração e poucas
semanas depois de concluída.
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FRUTOS:
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O fruto é uma
cápsula cilíndrica, glabra, de 5 válvulas que atinge maturidade no Outono - final de Outubro a
início de Novembro – liberta numerosas sementes oblongo-ovóide com cerca de
1-1,5 mm de comprimento.
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GOMOS:
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Notar que os
gomos reprodutivos (os que contêm os embriões das flores) são maiores que os
gomos vegetativos (contêm os embriões das folhas). Outra particularidade é que
os gomos terminais são escamosos e ovóides, enquanto que os gomos axilares são fusiformes
e cobertos de duas pré-folhas escamiformes.
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CASCA:
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Ritidoma primeiro
liso, tornando-se com o tempo ligeiramente gretado longitudinalmente, de cor castanho-acinzentado ou algo vermelho; os ramos jovens são glabros e verdes.
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ECOLOGIA:
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Espécie de clima marcadamente atlântico, de meia-sombra que
tolera bem a plena-luz, cálcifuga,
prospera em solos ácidos, siliciosos, profundos e húmidos; surge nos matos ripícolas, margens dos
rios, ribeiros e vales abrigados.
Ocorre entre 300 e 950 m de altitude; possui boa
resistência ao frio, até 17° C negativos e mais.
Propaga-se por semente, por estaca ou por mergulhia,
também rebenta pela touça.
Floresce a partir dos 10 a 12 anos; vive para além dos 50
anos.
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DISTRIBUIÇÃO:
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A subespécie Rhododendron
ponticum subsp. baeticum, é entre
nós uma relíquia da floresta laurissilva do Terciário, endémica do oeste da Península Ibérica. Em Portugal, a maior
mancha de rododendro encontra-se na Reserva Botânica do Cambarinho, ocupando
uma área de 24hectares na Serra do Caramulo. Também está presente na Serra de
Monchique e nos arredores de Odeceixe. Em Espanha, ocupa vastas áreas no Parque
Natural de Los Alcornocales, província de Cádiz.
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UTILIZAÇÃO:
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Utilização
desconhecida. No entanto, a sua abundante floração roxa começa enfim, a
despertar interesse entre nós! daí a sua cultura e uso como arbusto ornamental
em parques públicos e jardins particulares.
Madeira sem utilização conhecida.
Resiste à poluição.
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OBSERVAÇÕES:
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As alterações
climáticas do Quaternário reduziram a área da adelfeira ao norte de Portugal e
às montanhas altas do sul da Península onde encontrou, as condições climáticas
ideais de sobrevivência. Os rododendros destas estações peninsulares,
(considerados por alguns especialistas como uma subespécie do Rhododendron ponticum), encotram-se hoje
isolados uns dos outros. Isolação que levara certamente as populações locais a
designar a mesma planta com vocábulos diferentes. Assim as palavra "adelfeira"
ou "adelfa" são termos utilizados na Serra de Monchique e arredores
para designar esta variedade de rododendro, enquanto que nas Beiras, utiliza-se
na região de Oliviera de Azeméis o termo "redondouro" e na serra do
Caramulo o termo "loendro" ou “loendreira”. Este nome vulgar
“loendro” designa também uma outra planta muito comum em jardins públicos e
particulares que é a Nerium oleander,
também conhecida por “cevadilha”. Convém não as confundir pois são bem
distintas tanto no aspecto, como na frequência e distribuição no território
nacional.
A existência de duas subespécies de Rhododendron ponticum que possui duas zonas de distribuição distintas:
região do Pôntico e oeste da P. Ibérica não é consensual entre especialistas. Apesar
disso apontam-se algumas diferenças entre as duas subespécies, que são:
- Rhododendron
ponticum subsp. ponticum. (Turquia, Bulgária e Cáucaso).Tem pedicelos glabros e folhas de 12 a 18 cm de
comprimentos,
- Rhododendron
ponticum subsp. baeticum (Boiss. & Reut.) Hand.-Mazz. (Espanha e Portugal).Tem pedicelos e botões pubescentes e folhas de 6 a 16 cm
de comprimento.
A subespécie ibérica é considerado vulnerável na sua área
de origem. No entanto O Rhododendron
ponticum foi introduzido nas Ilhas Britânicas desde a segunda metado do
século XVIII e em seguida no resto da Europa. Encontrou então condições
climáticas satisfatórias a pontos de se tornar invasora; o que leva actualmente
a Irlanda, a Inglaterra, o norte de França, e a Bélgica a campanhas de
destruição deste rododendro que é acusado de diminuir as biodiversidades
locais.
Todas as partes do Rododendro são tóxicas. Esta
característica explica a sua destruição como planta indesejável nas matas e nos
campos de cultivo por parte dos proprietários de gado, só que os rebanhos, rapidamente
aprendem a evitá-la.
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MAIS DE 1000 ESPÉCIES DE RODODENDROS
O
género Rhododendron inclui cerca de 1200 espécies espalhadas em todo o globo, ainda que a maior diversidade ocorre na
parte sudeste da cordilheira do Himalaia; só oito espécies subsistem na Europa. Alguns são comumente chamados rododendros (arbustos com
flores grandes) e azáleas (plantas, flores e folhas menores). Ambos fazem parte do mesmo género e pertencem à grande família das Ericáceas.
Entre os rododendros diferenciam-se:
- variedades precoces, com floração entre finais de Março e início de Maio,
- variedades de meia-época com floração durante
Maio,
- variedades tardias com floração entre finais
de Maio e finais de Julho.
Os rododendros híbridos (muito numerosos no comércio) são arbustos que normalmente podem alcançar 2 a 5 metros de altura, mas com um crescimento lento. Os rododendros gigantes, são árvores que atigem 15 metros e que se
concentram essencialmente no Himalaia. Quanto aos rododendros anãos, estes não excedem
um metro de altura e são ideais em pequenos jardins..
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RESERVA BOTÂNICA DE CAMBARINHO - PROTEGER OS LOENDROS
"A Reserva
Botânica de Cambarinho é a mais importante estação de loendros do País, que
tem por objectivo a protecção do “Rhododendron ponticum L, subsp baeticum” e faz
parte da rede de Biótopos do Programa CORINE. Encontra-se integrada na Lista
Nacional de Sítios da Rede Natura 2000. A área sob protecção tem 24 hectares. e
encontra-se entre os 400 m. e os 850 m. de altitude na vertente norte da Serra
do Caramulo, abrangendo parte da bacia hidrográfica do ribeiro de Cambarinho,
afluente do rio Alfusqueiro.
Os solos são ácidos, o clima tem características
atlânticas, com pluviosidade superior a 2000 mm. anuais. A cobertura vegetal é
sobretudo de cariz atlântica. Predominam áreas de matos, permanecendo, no
entanto, zonas de pinhal, manchas de carvalhal, áreas agrícolas, lameiros, a
galeria ripícola do ribeiro de Cambarinho e os núcleos de loendros que
estiveram na origem da criação da Reserva.
De notar que na Serra de Monchique, a adelfeira compõe
orlas arbustivas próprias das linhas de água encontra-se em associação com amieiro
(Alnus glutinosa), com o feto real (Osmunda regalis), com a
campainha-de-monchique (Campanula
primulifolia) e com o samouco ou faia das ilhas (Myrica faya AIton). Enquanto que na Reserva Botânica do Cambarinho não
existe uma galeria ripícola bem estruturada, sendo o matagal de rododendro
praticamente mono-específico.
(Adaptado, OM)
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O MEL DE
RODODENDRO SEGUNDO XENOFONTE
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Segundo algumas fontes, o
mel das flores de rododendro asiático causaria transtornos intestinais. Assim
Xenofonte (430-355 a.C.), descreve na sua obra “Anábase” o estranho comportamento de soldados gregos, durante a
Primavera de 401 a.C. nas montanhas de
Colchis para encontrar o Tosão de Oiro, depois de terem comido mel de uma povoação cercada por rododendros. Todos os que comeram esse mel ficaram loucos, vomitaram e
perderam as forças. No dia seguinte os gregos
recuperaram a razão, e quatro dias depois, recuperam as forças. Quatro séculos
depois, a mesma coisa aconteceu com o exército de Pompeu naquela região:
Plínio, o Velho observou que alguns soldados foram vítimas de um mel que dá em
louco. Nos dois casos tratava-se do
mel de flores de Rhododendron ponticum. Mais tarde, foi reconhecido que o mel resultante desta planta possui
efeitos alucinogénicos, laxantes, distúrbios do sistema nervoso, respiratório e
doenças cardiovasculares..
(Adaptado, OM)
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